Educação de Adultos e cultura popular
Vivemos hoje um tempo em que o computador se tornou num recurso quase indispensável à nossa vida. Serve para quase tudo, quando falamos de educação. Esse cérebro electrónico serve parar pesquisar, para comunicar, para registar, para ler, para estudar, para recordar. É um instrumento formidável, mas, não tão indispensável assim, ou seja, nunca poderá substituir-nos. Não é só, porque não precisamos de estar ligados a qualquer corrente ou bateria para funcionar, mas, sobretudo, porque o ser humano, ao contrário dos computadores, tem memória e memórias associadas a sentimentos e emoções. Muitas dessas emoções e formas de estar perante a vida serão resultado da experiência de vida, dos saberes, das crenças, dos costumes, da cultura de cada um de nós. Uma cultura que será sinónimo de um modo de ser e de viver, conforme o contexto, as regras de convivialidade, a gastronomia, a forma de falar, a forma de estar, a forma de comunicar.
No Algarve, como no resto do nosso país, com contextos tão diversificados, com formas de ser e de estar tão diferentes, poderemos falar de uma cultura regional ou nacional, ou teremos de falar de culturas? Partindo desta ideia de cultura, entendido em sentido mais amplo, ou seja, cultura como o produto das diferentes maneiras de ser, estar, agir, será que podemos dizer que, provavelmente, toda a cultura é cultura popular, porque não subsiste cultura sem a adesão das pessoas. Este conceito de cultura popular nunca foi muito bem definido pelas Ciências Sociais e Humanas, daí a variedade de definições que comporta. Será que existe uma cultura que é popular e outra que não é? Será que existe uma cultura popular e uma cultura erudita? Será que essa cultura dita “erudita” não incorporará também crenças, saberes, modos de estar e agir com raízes no passado vivido pelo povo, a cultura praticada no quotidiano das pessoas.
O que parecemos saber é que não haverá pessoas com cultura e pessoas “sem” cultura e também não terá muito sentido admitir uma oposição entre cultura superior e cultura inferior. O que, também, parece ser verdade é que a”nossa” cultura só sobreviverá como referência de uma comunidade, se for recriada com base no respeito pelo passado. Daí que a memória colectiva, sobretudo, das pessoas e grupos que vivem em situações de maior isolamento, como é o caso dos idosos vivendo nos sítios menos acessíveis deste Algarve, deva ser preservada, para que o avanço dos tempos não apague a história e possamos todos e todas, sempre aprender com o esse ”passado”. Resgatar essas memórias, essa cultura e apresentá-la e valorizá-la, deveria ser uma das tarefas da educação de adultos, resgatar esse saber, essas experiências de vida, para que se conheça melhor a “nossa” cultura. Mas, para conhecer melhor as gentes deste Algarve, para melhor se compreender a sua maneira de ser e estar, as suas artes e ofícios, há que desenvolver processo de dinamização sociocultural que concorram com a acção dos media, mais empenhados em divulgar e quase impor, um outro tipo de cultura que reflecte uma ideologia associada ao poder económico e político
No Algarve, não há muitos anos, a ausência de desenvolvimento nas zonas mais do interior, podia ser avaliada, entre outros indicadores, pela ausência de infra-estruturas básicas, como por exemplo a água canalizada, electricidade, esgotos, centro de saúde, bombeiros. Hoje, felizmente, a maioria das vilas e aldeias dispõe desse tipo de equipamento. Porém, o que pensar do facto de não haver em muitos locais desta região algarvia, sobretudo, na serra, uma biblioteca, de não haver lugar ao teatro, à música, ao cinema, à dança, a actividades recreativas e culturais, de não haver projectos de educação de adultos, de acções direccionadas para pessoas idosas? Este facto, talvez ilustre os limites do conceito de desenvolvimento ainda dominante em muitos sítios deste Algarve. A questão é que os problemas do interior, a desertificação do mundo rural, o envelhecimento populacional, o isolamento social e cultural, as assimetrias de desenvolvimento, estão em total oposição ao modelo de desenvolvimento das cidades assentes na competição e no lucro. Nesta região, há, ainda, baixos níveis educativos e culturais, sobretudo, ao nível da população mais idosa, sendo que esse défice é, naturalmente, mais acentuado nas regiões do interior, o que justificaria que fosse feito um maior esforço, em termos de oferta educativa e cultural.
A acção educativa e cultural pode ter um importante papel no processo de desenvolvimento destas zonas mais deprimidas, sobretudo, quando essas zonas constituem autênticos reservatórios de cultura. É no sentido de poder aproveitar esse capital cultural que a educação de adultos poderia ter uma importância estratégica, nomeadamente, através da animação sociocultural, no reforço do potencial educativo das comunidades e na criação de uma cultura de desenvolvimento. No âmbito da educação de adultos a animação sociocultural pode ser perspectivada como um processo que permitiria ajudar à mudança, no sentido de transformar a passividade, a resignação e o fatalismo em participação, autonomia e emancipação, no sentido do desenvolvimento pessoal e comunitário.
Vivemos hoje um tempo em que o computador se tornou num recurso quase indispensável à nossa vida. Serve para quase tudo, quando falamos de educação. Esse cérebro electrónico serve parar pesquisar, para comunicar, para registar, para ler, para estudar, para recordar. É um instrumento formidável, mas, não tão indispensável assim, ou seja, nunca poderá substituir-nos. Não é só, porque não precisamos de estar ligados a qualquer corrente ou bateria para funcionar, mas, sobretudo, porque o ser humano, ao contrário dos computadores, tem memória e memórias associadas a sentimentos e emoções. Muitas dessas emoções e formas de estar perante a vida serão resultado da experiência de vida, dos saberes, das crenças, dos costumes, da cultura de cada um de nós. Uma cultura que será sinónimo de um modo de ser e de viver, conforme o contexto, as regras de convivialidade, a gastronomia, a forma de falar, a forma de estar, a forma de comunicar.
No Algarve, como no resto do nosso país, com contextos tão diversificados, com formas de ser e de estar tão diferentes, poderemos falar de uma cultura regional ou nacional, ou teremos de falar de culturas? Partindo desta ideia de cultura, entendido em sentido mais amplo, ou seja, cultura como o produto das diferentes maneiras de ser, estar, agir, será que podemos dizer que, provavelmente, toda a cultura é cultura popular, porque não subsiste cultura sem a adesão das pessoas. Este conceito de cultura popular nunca foi muito bem definido pelas Ciências Sociais e Humanas, daí a variedade de definições que comporta. Será que existe uma cultura que é popular e outra que não é? Será que existe uma cultura popular e uma cultura erudita? Será que essa cultura dita “erudita” não incorporará também crenças, saberes, modos de estar e agir com raízes no passado vivido pelo povo, a cultura praticada no quotidiano das pessoas.
O que parecemos saber é que não haverá pessoas com cultura e pessoas “sem” cultura e também não terá muito sentido admitir uma oposição entre cultura superior e cultura inferior. O que, também, parece ser verdade é que a”nossa” cultura só sobreviverá como referência de uma comunidade, se for recriada com base no respeito pelo passado. Daí que a memória colectiva, sobretudo, das pessoas e grupos que vivem em situações de maior isolamento, como é o caso dos idosos vivendo nos sítios menos acessíveis deste Algarve, deva ser preservada, para que o avanço dos tempos não apague a história e possamos todos e todas, sempre aprender com o esse ”passado”. Resgatar essas memórias, essa cultura e apresentá-la e valorizá-la, deveria ser uma das tarefas da educação de adultos, resgatar esse saber, essas experiências de vida, para que se conheça melhor a “nossa” cultura. Mas, para conhecer melhor as gentes deste Algarve, para melhor se compreender a sua maneira de ser e estar, as suas artes e ofícios, há que desenvolver processo de dinamização sociocultural que concorram com a acção dos media, mais empenhados em divulgar e quase impor, um outro tipo de cultura que reflecte uma ideologia associada ao poder económico e político
No Algarve, não há muitos anos, a ausência de desenvolvimento nas zonas mais do interior, podia ser avaliada, entre outros indicadores, pela ausência de infra-estruturas básicas, como por exemplo a água canalizada, electricidade, esgotos, centro de saúde, bombeiros. Hoje, felizmente, a maioria das vilas e aldeias dispõe desse tipo de equipamento. Porém, o que pensar do facto de não haver em muitos locais desta região algarvia, sobretudo, na serra, uma biblioteca, de não haver lugar ao teatro, à música, ao cinema, à dança, a actividades recreativas e culturais, de não haver projectos de educação de adultos, de acções direccionadas para pessoas idosas? Este facto, talvez ilustre os limites do conceito de desenvolvimento ainda dominante em muitos sítios deste Algarve. A questão é que os problemas do interior, a desertificação do mundo rural, o envelhecimento populacional, o isolamento social e cultural, as assimetrias de desenvolvimento, estão em total oposição ao modelo de desenvolvimento das cidades assentes na competição e no lucro. Nesta região, há, ainda, baixos níveis educativos e culturais, sobretudo, ao nível da população mais idosa, sendo que esse défice é, naturalmente, mais acentuado nas regiões do interior, o que justificaria que fosse feito um maior esforço, em termos de oferta educativa e cultural.
A acção educativa e cultural pode ter um importante papel no processo de desenvolvimento destas zonas mais deprimidas, sobretudo, quando essas zonas constituem autênticos reservatórios de cultura. É no sentido de poder aproveitar esse capital cultural que a educação de adultos poderia ter uma importância estratégica, nomeadamente, através da animação sociocultural, no reforço do potencial educativo das comunidades e na criação de uma cultura de desenvolvimento. No âmbito da educação de adultos a animação sociocultural pode ser perspectivada como um processo que permitiria ajudar à mudança, no sentido de transformar a passividade, a resignação e o fatalismo em participação, autonomia e emancipação, no sentido do desenvolvimento pessoal e comunitário.
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