Versos soltos (Tia Conceição)
Bate leve, levemente
Como quem chama por mim,
Será chuva? Será vento?
Vento não será certamente,
E a chuva não bate assim!
Fui ver... É neve!
Neve que cai branca e fria,
Há quanto tempo eu não via!
Que saudades meu Deus...
Versos soltos (Tia Cristina)
A velhinha vai fiando,
A velhinha vai pensando,
Também foi nova e bonita,
Também teve o seu amor.
Foi casada e teve filhos,
Que lhe levou o Senhor.
Como a neta vai casar,
Pode bem acontecer,
Ter ainda que bordar,
Enxoval para o que vier...
A velhinha vai fiando,
A velhinha vai pensando!
Maria Laura Rodrigues António Revez
69 Anos, Professora do ensino básico na situação de reformada
Olhão
Poema dedicada à Sra. Alice
Alice uma grande senhora
Ela tem bom coração
É a nossa animadora
Ela dança como um pião.
Ela gosta de dançar a valsa
Ela dança muito bem
Ela dança com muita graça
Melhor que ninguém.
Ela é alegre e divertida
Esta nossa menina
Tudo faz parte da vida
Desta grande bailarina.
Ela conta histórias picantes
Que nos faz rir de gargalhada
Nestes momentos constantes
É mesmo uma senhora engraçada.
É assim que gosto de a ver
Sorridente com alegria
Eu também lhe queria dizer
Tenho por ela muita simpatia.
Ela é linda como o seu jeito
Esta senhora com alguns bens
Tenho por ela muito respeito
Quero lhe dar os parabéns.
Queria dizer a essa senhora divertida
A minha opinião
Deus lhe dê muitos anos de vida
E que ela viva com muita paixão.
Há meio século que casámos
Há meio século que casámos
Era-mos ainda crianças
Mas sempre nos amámos
Desde a nossa infância
Ela era linda como uma flor
Alegre e namoradeira
Dei-lhe sempre o meu amor
Ainda mesmo em solteira
Ela gostava eu também
Éramos os dois a gostar
Nunca digo a ninguém
O que fizemos antes de casar
Mas penso que fizemos bem
Como devem calcular.
O casamento é uma lotaria
Pode correr bem ou mal
Hoje já ninguém admira
Do divórcio dum casal.
A vida mudou, nem sempre no bom sentido
Hoje somos idosos e o melhor ficou para trás
Não tenha vergonha amigo
Vá sempre dando alguma enquanto fores capaz
Uma vida sem amor
É como uma flor sem água
Temos que dar e receber calor
Para que a vida não se torne em mágoa.
A vida não é nada
A vida não passa de uma ilusão
Se a vida não for amada
A vida será sempre desilusão.
Hoje estamos aqui como uma grande família
Á coisas que não posso ficar calado
Penso naqueles que sofrem com alegria
Porque só oiço falar do crédito mal parado.
Se a vida fosse vivida com mais harmonia
Com mais dignidade e compreensão
Haveria mais amor e alegria
Menos traidores e corrupção.
O verão já passou
O Outono está a chegar
Até o tempo já mudou
Posso dizer que está tudo a falhar.
Vivemos numa época que não dá para rir
Somos tratados como bonecos
Toda a gente sabe que não estou a mentir
O que será dos nossos netos.
Queria acreditar na fraqueza
Tenho receio de o fazer
Vivo fechado na incerteza
Enquanto eu viver
Vou dar isto por terminado
Não tenho mais para contar
Estou a ficar velho e cansado
Como devem imaginar
Se soubesse cantar, cantava
Acompanhado de um violino
Mas é melhor ficar calado
Para não dizerem: “Cala a boca Virgolino!”
Virgolino Louça
72 Anos
Almancil
Levantamento de literatura oral efectuado em 18.11.2009, pelas discentes:
Isabel Saúde (nº36762)
Margarida Correia (nº38005)
Patrícia Moreno (nº37546)
2009-11-24
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