Fora de contexto esta frase revela exclusão aos indivíduos que são consumidores. No entanto a força e até a agressividade empregue, “obriga” que qualquer um pare e tente perceber o seu real sentido. O que se passa? Será que alguém enlouqueceu? Que expressão é esta?
A meu entender, a prevenção primária tem que ser mais agressiva com uma visão mais ampla de quem quer chamar a atenção. A prevenção não consegue um trabalho com êxito com a palavra: NÃO! Porque será que isso acontece?
A meu entender a palavra não, só revela a renúncia de algo, que nem sempre atinge o alvo. Não deves comer comida de plástico! Não deves fumar! Não deves consumir drogas! Não deves conduzir depois de beber! Não! Não! Não!
Quem trabalha com crianças pequenas, sabe que a palavra não, deve ser evitada. Porquê? Porque atrai mais o seu desejo e vontade de experimentar o que lhe é proibido. Sendo assim, deve ser evitada tanto no discurso para crianças como para adultos.
A prevenção deve ser mais transparente, não revelando só as consequências nefastas do consumo, mas também os benefícios. Estranho? Penso que não! O que quero dizer com isto é que um amigo, “que confio” diz-me para experimentar cocaína, pegando no exemplo da frase. Eu aprendo na escola, nos média e em casa, que é mau, que não devo. O que me diz esse amigo é que é muito bom. Que estranho? Sempre me foi vendida a informação contrária. Que faço? Se for em frente, percebo que o meu amigo até tem razão. Então o que se passa? Andamos a dar meias informações?
Num método mais tradicionalista, pretendesse que os estudantes acreditem na informação que é dada. Por mais duro que pareça, acredito numa prevenção mais eficaz, quando se coloca todos os factos em cima da mesa. Sei que fumar faz mal. Mas talvez se me informassem sobre todas as emoções que provoca o seu consumo (principalmente as boas), provavelmente nunca iria experimentar por saber que se pode cair numa roda, em que a substancia ganha mais importância que a nossa própria liberdade. Nessa roda-viva de enganos e desenganos, mentimos a nós e por consequência aos outros. Vive-se assim numa profunda nuvem de fumo, em que tudo pode ser diferente do que se pinta, em que a realidade e a ilusão se misturam, um misto de busca de emoções e a fuga destas.
Mas na prevenção temos que arriscar e impedir que pais menos esclarecidos e até professores possam aniquilar este tipo de campanhas. Os jovens cada vez mais são mais exigentes. È necessário ensinar o que a substancia produz de positivo, porque numa campanha é mais fácil fazer compreender o que se pretende, ao tornar os educandos mais conscientes, tanto dos perigos como qual o tipo de sedução que tem para encantar quem experimenta. Assim fica claro que estas substancias levam a consequências negativas, fazendo os indivíduos serem alvos fáceis de actividades menos/ou nada legais e de renuncia da verdade interna, através de um jogo de prazer que inicialmente estas substancias provocam.
Num contexto de minimização/ou redução de danos, esta frase poderá ser aplicada facultando formas de o consumo ser menos prejudicial para a saúde do individuo. Neste âmbito, o trabalho de prevenção, não é só informar o que a substância provoca na saúde, mas informar, de que forma poderá ser menos prejudicial para ela. Como exemplo podemos exemplificar os problemas de saúde provocados por cocaína quando é aspirada. Noutro tipo de substâncias existe exemplos mais elucidativos. No caso da heroína quando esta é injectada, o uso da colher, da carica e da seringa deve ser cuidado e nunca ser partilhado. Desta forma evita doenças como o HIV, a Hepatite C e B, entre outras doenças. Centrando nesta ideia, a nossa frase pode representar uma maneira de tentar desviar a atenção dos seus leitores para comportamentos com menor dano na sua saúde, indo “…para outra marina.”, ou seja, cuidando-se melhor, já que não param seus consumos.
Como pensamento final, penso ser essencial a consciência da importância e da delicadeza do trabalho que se está a realizar. Paulo Freire (1987) revela a importância do trabalho do educador ser mais prático onde o seu foco seja aplicável na vida no dia-a-dia. Por isso julgo que campanhas com frases polémicas, como a comentada, oferecem a possibilidade de mais diálogo e conversas sobre o tema. Isto facilita o diálogo entre educadores, educandos, seus pais e cuidadores em geral também.
Helga Jesus
nº 26975
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1 comentário:
http://www.viversemdrogas.blogspot.com
Se vais snifar, não mudes de narina, muda de hábito.
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