2009-12-21

“Se consumires cocaína, não uses sempre a mesma narina”

Cada vez que pego num cigarro maço leio no exterior do maço, em letras tamanho 50 bold para que não restem dúvidas de que ainda sou capaz de as decifrar: “FUMAR MATA”. No outro lado do pacote está escrito com letras igualmente gigantes: “FUMAR PROVOCA O CANCRO PULMONAR MORTAL”.
O que acontece quando acabo de ler estas recomendações?
Tiro o cigarro e fumo. Termino este, depois outro e mais tarde ainda um outro. No dia seguinte, repete-se a cena.
Sou adulta, conheço os malefícios do tabaco, tenho consciência de que estou a destruir-me (mas de uma forma legal!), sei que estou a alimentar uma estupidez …e ignoro os avisos. São para os outros, talvez para aqueles que não fumam!
A publicidade é uma arte e como tal, deve ser apreciada, entendida, “esmiuçada” e desconstruída com um olhar muito atento. Ela co-habita connosco, cruzamo-nos na rua, atrapalhamo-nos nos outdoors em cada esquina, espalha-se pelos passeios e até nos surpreende no céu.
A publicidade é uma arma de dois gumes. Um deles chega-nos sorrateiramente e desperta a nossa curiosidade, enquanto o outro, nos provoca arrepios misturados com uma dose de repugnância mas desperta a nossa curiosidade também.
Na realidade, cada um de nós reage de maneira diferente ao impacto de um qualquer slogan, seja ele de cariz amistoso ou de cariz chocante.
Não acredito que o choque assim como a proibição ou o castigo conduzam a um resultado positivo, principalmente quando se é jovem ou dependente de qualquer tipo de vício.
Como será possível minimizar estes problemas, não só o da “malvada” cocaína mas tantos e tantos outros, que como nós sabemos, existem na agenda do nosso mundo?
Será a prevenção uma boa aposta? E a educação?
Troquemos-lhes apenas a ordem. Vamos educar a prevenir?
Vamos aprender! Vamos ensinar para juntos conseguirmos prevenir!
Acredito que a semente tem que ser cuidada desde que é deitada à terra, assim como ainda acredito que algumas plantas podem ser recuperadas mesmo depois de crescidas.
Porque não um Educador Social para as ajudar a tratar?

Isabel Saúde, nº 36762

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