Unidade Curricular de Educação Social I
Regime Pós-laboral
Área Científica: Educação Social
ECTS: 6
Horas de Contacto: 24 T+18TP+6 OT
Tempo de Trabalho total do Estudante: 168 h
1. Introdução:
A Educação Social teve ao longo do tempo variadas concepções, de acordo com os contextos onde foi sendo recriada. De qualquer das formas, o problema não está tanto na sua definição, mas sim na aclaração dos seus principais objectos de estudo. Segundo Quintana Cabanas (1994) na sua obra clássica sobre o tema (Pedagogia Social), existem dois grandes objectos para uma pedagogia social: i) o enfoque na correcta socialização dos indivíduos, que remete de certa forma para os contextos educativos mais formais, mas que igualmente abarca contextos de socialização vastos como a família; ii) a intervenção educativa na correcção de necessidades humanas que esbarram numa sociedade complexa, conflitiva e, acrescentamos, desigual.
Desta forma, estamos perante a ciência da educação social de indivíduos e grupos, e da atenção aos problemas humano-sociais que podem ser tratados a partir de instâncias educativas. Estas instâncias educativas são imensas: a família, os grupos de pares e a escola, ou as organizações mais diversas da sociedade civil; mas também estão incluídas aquelas que trabalham com os grupos marginalizados ou em situação de risco ou exclusão, como sejam os estabelecimentos prisionais, os centros educativos para a terceira idade, e todas aquelas que se dediquem às mulheres, aos povos indígenas, etc.
A abrangência da educação social é, portanto, enorme e nunca se poderá esgotar no âmbito de duas unidades curriculares (Educação Social I e II). A definição de conteúdos e temas de interesse tem assim que considerar a intersecção de outras unidades curriculares que, em conjunto com estas e de forma gradual, irão fazendo surgir aos poucos um conceito abrangente de educação social. Haverá, no entanto, um enfoque importante na nossa acção: os adultos, posto que a grande maioria das instâncias educativas da educação social se destina aos adultos.
2. Competências a desenvolver:
Instrumentais
- Compreender as finalidades, princípios, conceitos e práticas mais usuais da educação permanente, educação de adultos, aprendizagem ao longo da vida.
- Analisar as ofertas de educação de adultos à luz das bases conceptuais identificadas.
- Compreender as bases teóricas e práticas do desenvolvimento comunitário e desenvolvimento local.
- Analisar as experiências práticas de desenvolvimento local segundo as bases conceptuais estudadas.
- Compreender os sistemas sociais analisados na sua totalidade e segundo as condições contextuais existentes.
- Compreender o papel do educador social, particularmente no que respeita à utilização dos instrumentos analisados, e a favor do bem-estar das comunidades em causa.
- Conhecer as melhores formas de organização social e comunitária, para dar respostas a alguns problemas identificados.
- Identificar as potencialidades e limitações das práticas e das ofertas educativas estudadas..
Interpessoais
- Desenvolver o sentido crítico e reflexivo, nomeadamente através da análise dos casos práticos apresentados, numa lógica constante de integração da teoria e da prática.
- Despertar para a multiplicidade dos problemas educativos a nível social e comunitário, posicionando-se no contexto dos mesmos.
- Desenvolver capacidades comunicativas.
- Desenvolver a capacidade de autonomia, espírito de grupo e o sentido de busca de soluções colectivas para os problemas comunitários.
- Aceitar e valorizar a diversidade cultural.
Sistémicas
- Utilizar procedimentos de pesquisa para aceder a fontes diversas de informação.
- Utilizar procedimentos para estruturar trabalhos académicos segundo os sistemas de normas em uso.
- Trabalhar de forma articulada com os colegas de grupo.
- Ser capaz de analisar a realidade social, adquirindo mecanismos rotineiros de identificação de soluções, quer a nível comunitário, quer a nível social.
3. Conteúdos
1. Conceitos Estruturantes e Contextos da Educação Social:
1.1. Educação formal, não formal e informal.
1.2. Conceitos de educação permanente e educação de adultos.
1.3. Da educação de adultos ao lifelong learning: uma leitura crítica dos possíveis significados desta viragem.
2. Dimensões educativas básicas como fontes de exclusão em contexto Português:
2.1. Da alfabetização à literacia crítica: que conceitos, que práticas?
2.2. O Sistema Nacional de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências.
3. O desenvolvimento comunitário / local como forma de intervenção educativa e mudança
3.1. O conceito de comunidade
3.2. As origens históricas do desenvolvimento comunitário
3.3. Evolução dos conceitos de desenvolvimento comunitário e desenvolvimento local.
3.4. Características básicas do desenvolvimento local / comunitário
3.5. Análise de experiências de desenvolvimento local
3.6. Outros conceitos «próximos» ao desenvolvimento comunitário: a organização comunitária; a acção comunitária; o desenvolvimento económico comunitário; a economia social e as suas práticas.
4. Resultados Esperados de Aprendizagem (learning outcomes)
1. Compreender as diferenças entre a educação formal, não-formal e informal.
2. Compreender que um educador social deve conjugar todas estas formas educativas num projecto global de melhoria das qualificações e das competências das populações.
3. Conhecer conceitos e características da educação permanente.
4. Compreender o conceito de educação de adultos à luz das evoluções das suas formulações internacionais, por exemplo através dos documentos publicados pelos encontros promovidos pela UNESCO.
5. Conhecer as áreas fundamentais de actuação da educação de adultos, na sua abrangência e amplitude crítica.
6. Conhecer o conceito-base de aprendizagem ao longo da vida.
7. Conhecer as definições de aprendizagem formal, não-formal e informal e compará-las com os conceitos homólogos a nível educativo.
8. Conhecer várias correntes dentro da aprendizagem ao longo da vida.
9. Assumir uma posição crítica em relação às formas mais comuns de aprendizagem ao longo da vida, reconhecendo as consequências da implementação de formas não críticas de aprendizagem ao longo da vida.
10. Conhecer a discutir criticamente o conceito polissémico de competência.
11. Conhecer o Sistema Nacional de Reconhecimento e Validação de Competências.
12. Conhecer o Referencial de competências-chave utilizado nos processos RVCC.
13. Conhecer a composição orgânica dos Centros RVCC, e as funções que cada um dos profissionais desempenha nestes centros (profissionais de RC, formadores complementares, administrativo, técnico de apoio à gestão financeira, coordenador, director).
14. Compreender a importância das ex-Acções S@ber Mais (agora Acções de Curta Duração) no contexto do funcionamento do sistema RVCC.
15. Compreender as dinâmicas dos processos RVCC, as suas vantagens para os adultos que os frequentam, as suas potencialidades.
16. Conhecer várias definições de comunidade e assumir um papel crítico em relação ao difícil conceito de comunidade.
17. Conhecer as principais evoluções históricas do desenvolvimento comunitário e do desenvolvimento local, bem como reconhecer os paradigmas que estão na sua base.
18. Compreender que os discursos do desenvolvimento comunitário e do desenvolvimento local estão hoje muito próximo, quer em relação à teoria quer em relação à prática.
19. Compreender e discutir criticamente as principais características de processos de desenvolvimento local participativos.
20. Analisar casos práticos / experiências de desenvolvimento local, à luz dos conhecimentos anteriormente adquiridos.
21. Tomar uma posição crítica, mas informada e contextualizada face às condições existentes nos contextos de prática.
22. Conhecer potencialidades e limitações dos processos e dinâmicas de desenvolvimento local.
5. Metodologias
Exposição por parte do professor, trabalho em grupo, discussões orientadas, leitura e análise de documentos.
6. Avaliação
1 Frequência com o peso de 50%
2.Um trabalho de Grupo (entre 3 a 5 elementos) a realizar sobre um tema escolhido pelos estudantes no âmbito do tópico 3 dos conteúdos programáticos, com o peso de 30%. Os estudantes deverão pesquisar sobre o tema, e utilizar as normas adoptadas pelo curso.
O trabalho terá uma dimensão máxima de 15 páginas A4 (não incluindo as referências), a 12 pt, Times New Roman a 1,5 espaços. Margem esquerda: 3 cm; direita, superior e inferior: 2,5 cm. Será entregue em papel na última semana de aulas.
3. Apresentação oral do trabalho.Peso de 20%
7. Bibliografia Sugerida:
Ander-Egg, E. (1982). Metodología y práctica del desarrollo de la comunidad. México: El Ateneo.
Belchior, F. H. (1990). Educação de Adultos e Educação Permanente: a Realidade Portuguesa. Lisboa: Livros Horizonte.
Canário, R. (1999). Educação de Adultos. Um Campo e uma Problemática. Lisboa: Educa.
Carolino, J. (1995). Educação Comunitária: contribuições para um processo de desenvolvimento participado, A Rede para o Desenvolvimento Local, 13, 26-27.
Clarke, S. (1996). Social Work as Community Development. A management model for social change. Brookfield: Avebury.
De Natale, Mª L. (2003). La Edad Adulta. Una nueva etapa para educarse. Madrid: Narcea.
Friedmann, J. (1996). Empowerment. Uma política de desenvolvimento alternativo. Oeiras: Celta Editora.
Gelpi, E. (1990). Educación Permanente. Problemas laborales y perspectivas educativas. Madrid: Popular.
Hoven, R. van den e Nunes, Mª H. (1996)*. Desenvolvimento e Acção Local. Lisboa: Fim de Século Edições.
In Loco (2001). Formação para o Desenvolvimento. Formação/Inserção Profissional Territorializada. Faro: In Loco.
Kasimis, C., & Papadopoulos, A. G.* (1999). Local Responses to Global Integration. Aldershot: Ashgate.
Marchioni, M. (1997). Planificación social y organización de la comunidad. Madrid: Editorial Popular.
Mayo, M. (1994). Communities and Caring. The Mixed Economy of Welfare. New York: St. Martin’s Press.
Melo, A. (1988). O Desenvolvimento Local como Processo Educativo. Impressões e Opiniões Auto-Entrevistas, Cadernos a Rede, 2, 58-63.
Melo, A. (1995). O desenvolvimento local num contexto de economia mundializada. In Varios, Conferência europeia: desenvolvimento local e coesão social e económica na U.E. (pp. 9-17). Serpa: Ideia-Alentejo.
Melo, A. (1999). O local como polo de resistência ao totalitarismo economicista (ou A necessidade de uma nova política). In Xoán Bouzada (ed.), O desenvolvemento comunitario local: Un Reto da sociedade civil (pp. 87-113). Vigo: Editorial Galaxia.
Nogueira, A. C. (1996). Para uma educação permanente à roda da vida. Lisboa: Instituto de Inovação Educacional.
Nogueiras, L. M. (1996). La práctica y la teoría del desarrollo comunitario. Descripción de un modelo. Madrid: Narcea.
Reszohazy, R. (1988). El desarrollo comunitario. Madrid: Narcea.
Revista S@ber Mais, nº 13 (2002). – Número Monográfico sobre Centros RVCC (Reconhecimento, Validação e Certificação das Competências).
Shragge, E. (1993)*. Community Economic Development. In Search of Empowerment and Alternatives. Montréal: Black Rose Books.
Shuman, M. H. (2000). Going Local. Creating self-reliant communities in a global age. New York: Routledge.
Silva, A. S. (1990). Educação de Adultos, Educação para o Desenvolvimento. Porto: ASA.
2008-09-19
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1 comentário:
Olá ex-professor Joca! Tudo bem pelos Algarves? Por aqui tudo bem, continuar a estudar e a trabalhar, a verdade é que nao tenho muito tempo para parar. Estou a trabalhar na Alliance Française de Barcelona na parte cultural e tambem a estudar Psicopedagogia, um complemento ao curso de Educaçao Social (que homologuei aqui em Espanha). E de reto tudo bem. Estou em brunafeliciano@blogspot.com.
Un abraço!
Bruna
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