A importância da Educação Artística na Educação de Adultos
Segundo Piaget (L'Education Artistique et la Psychologie de L'Enfant. in Art et Education: recueil d'essais. Paris: Unesco, 1954 P: 22-23) “A criança pequena é mais dotada do que a criança de mais idade, nos domínios do desenho, da expressão simbólica (representações plásticas, papéis representados nas cenas colectivas organizados espontaneamente, etc.) e por vezes na música. Quando se estuda as funções intelectuais ou os sentimentos sociais constata-se um progresso mais ou menos continuado, enquanto que no domínio da expressão artística, ao contrário, a impressão frequente é de um recuo.” Isto deve-se ao facto de ser muito mais difícil estabelecer estágios regulares de desenvolvimento das tendências artísticas do que das outras funções mentais, e também porque à medida que os anos de escolaridade vão passando a ocorrência do discurso metafórico vai diminuindo, logo, as representações simbólicas, metafóricas e criativas da criança vão sendo ocupadas por representações reais e objectivas.
Sem uma educação artística apropriada que consiga cultivar estes meios de expressão e encorajar as primeiras manifestações artísticas da criança, pelos educadores e ou pelos pais, estas tendem em geral a afastar-se das tendências artísticas ao invés de enriquecê-las. A educação artística deve ser, antes de tudo, a educação da espontaneidade estética e da capacidade de criação cuja presença é manifesta na criança pequena.
A área da Educação Artística refere-se às linguagens artísticas, como as Artes Visuais, a Música, o Teatro e a Dança. Há quem entenda o ensino da arte exclusivamente como transmissão de diferentes técnicas, outros, como mera reprodução de métodos e técnicas já estabelecidos, e também outros que consideram a arte um momento de lazer, de auto-expressão, de desconcentração das "aulas sérias". O ensino de arte na actual concepção, entende-se que aprender arte envolve não apenas uma actividade livre de produção artística, mas também envolve compreender o que se faz e o que os outros fazem, através do desenvolvimento da percepção estética e do conhecimento do contexto histórico em que foi feita a obra. Através desta explicação, posso dar o exemplo da canção portuguesa, o Fado, actualmente existe a denominação “o Fado novo” que corresponde às novas abordagens musicais, onde existe mais instrumentos musicais para além da guitarra e viola, sem deixar a essência fundamental característica do próprio estilo musical e do próprio povo Português. Pois para se fazer algo de novo temos que conhecer o que já foi feito.
A arte deverá ser tratada como um objecto de cultura, criada pelo homem e dentro de um conjunto de relações sociais. A arte faz parte das formas de conhecimento humano, o seu lugar na escola é imprescindível, pois o ensino democrático considera o conhecimento artístico, um direito de todos. A escola tem uma posição fundamental na busca da educação integral, que transforma o educando em sujeito do seu próprio desenvolvimento, crítico, criativo, apto a agir e modificar o mundo cultural e a sociedade em que vive. A experiência artística proporciona:
* A educação integral, pois leva a uma reorganização interna, que passa pelo nível cognitivo, implicando muito o conhecimento do indivíduo;
*Sócio-emocional, pois o indivíduo estabelece relações afectivas com a experiência reformulando alguns mecanismos e estruturando outros;
*Sociais, pois essas relações são contextualizadas - a própria história individual é a síntese da relação que o indivíduo estabelece com a cultura, com o grupo social;
*Percepto-motora, pois o individuo trabalha através de actividades concretas, que envolvem a percepção em todas as suas possibilidades, bem como o movimento.
O educando é o actor do seu processo educativo, usa a sua individualidade para exprimir-se e para se relacionar convenientemente consigo mesmo e com os outros. O fazer artístico do educando é um feito humanizador, cultural, que envolve um conjunto de diferentes tipos de conhecimento e gera diferentes significados, conduzindo o educando a entender-se como um agente de transformação.
Os educandos poderão entender o fazer artístico como o desenvolvimento das suas potencialidades. Conhecerão o fazer artístico como experiência de comunicação e de interacção grupal. A educação integral não pode ser abrangida apenas pela instrução, mas sim pelo trabalho integrado de todas as matérias, através de objectivos comuns, levando o educando não apenas a aprender, mas a dar significado ao que aprende. Através da arte é possível desenvolver projectos, onde se abordem temas sociais de grande relevância na nossa sociedade. Temas como, o pluriculturalismo, levando o educando não somente a identificar as semelhanças e as diferenças culturais, como reconhecer a importância da manutenção da cultura dentro dos grupos sociais. Permite trabalhar temas como preconceitos, excepcionalidade física ou mental, estereótipos culturais, etc. Uma forma de arte que é muitas vezes fonte de crítica social é o teatro, nomeadamente o teatro de revista, o teatro do oprimido…
A arte é um conhecimento que permite aproximar indivíduos e culturas diferentes. É uma expressão universal e ao mesmo tempo pessoal, uma criação única, inserida num contexto cultural e histórico. A imaginação criadora permite conceber situações novas, ideias e articular os sentimentos em imagens, textos, música, dança e movimento. O objectivo é que o educando seja levado a conscientizar-se e a desenvolver a responsabilidade, a auto-educação, para que se torne o actor da sua própria educação. Formando-se assim indivíduos críticos, conhecedores da sua importância como homens num processo de transformação do mundo, capazes de analisar e ou encarar a realidade com serenidade, objectividade, firmeza e justiça. Segundo Paulo Freire (1979 p:61), “Quanto mais for levado a reflectir sobre a sua situacionalidade, sobre o seu enraizamento espaço-temporal, mais “emergerá” dela conscientemente “carregado” de compromisso com sua realidade, da qual, porque é sujeito, não deve ser simples espectador, mas deve intervir cada vez mais. ”. É neste contexto que existe uma complementaridade ente a educação artística e a educação de adultos, visto que a Educação de Adultos é um conjunto de processos organizados independentemente do método, da técnica ou dos conteúdos; quer seja formal ou não-formal; quer substitua a formação inicial, quer seja complemento da formação escolar, universitária ou profissional, com o objectivo de possibilitar o desenvolvimento pessoal e social, tornando as pessoas mais responsáveis e interventivas na sociedade em que está incerido. A Educação de Adultos é um instrumento de conscientização, mudança e socialização, que promove a expansão das pessoas, preparando-as para a actividade produtiva. Deste modo, torna-se instrumento de luta contra as situações de alienação económica e cultural, e de elaboração de uma cultura libertadora.
A educação de adultos tem como objectivos incentivar e auxiliar os jovens e pessoas adultas a desenvolver conhecimentos e aptidões e ajudá-los a ir ao encontro das suas necessidades básicas, promovendo o acesso à formação, de forma espontânea e/ou organizada de melhoria de estilo de vida, através do desenvolvimento pessoal que se reflecte, necessariamente, na sociedade como um todo. Pretende também promover a compreensão crítica, assim como a clarificação de valores a mudança de atitudes e a solidariedade. Os educandos são preparados para terem um maior controlo sobre as suas decisões e opções. Em suma, pretende promover a aprendizagem através da experiência, aprender através do fazer, “aprender fazendo”. No meu ponto de vista a existência da articulação entre a educação artística e a educação de adultos é fulcral, pois entre eles existe uma enorme base teórico-prática complementar para o desenvolvimento de uma educação efectiva e sustentável nos indivíduos. A educação artística estende-se ao longo da vida do indivíduo, quer seja enquanto criança, adulto ou idoso. A educação artística poderá ser o veículo para a diminuição do insucesso escolar actualmente nas escolas do nosso país, uma vez que esta tem um carácter lúdico-pedagógico que agrada aos educandos. Actualmente, já existem nas escolas do 3º ciclo disciplinas como teatro, cinema e educação cívica, mas ainda há muito a fazer a nível da sociedade civil. A título conclusivo apresento uma frase de Elliot W. Eisner pronunciada quando apresentou uma comunicação em New Orleans, Abril de 1994, no Encontro Anual da Associação Americana de Investigação em Educação: “Estamos talvez, finalmente, a entrar no tempo em que na comunidade de investigação em educação os investigadores olharão para as artes tão somente como um conteúdo fundamental da escolaridade, mas também como um traço básico da ciência social excelente.”
BIBLIOGRAFIA
FREIRE, P. (1979) Educação e Mudança. Rio de Janeiro: Paz e Terra;
FREIRE, P. (1970), Pedagogia do Oprimido, 28ºedição, São Paulo: Paz e Terra;
SPODEK, Bernard, Manual de Investigação em Educação de Infância, 2002, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa;
MELO, Alberto; BENAVENTE, Ana, “Educação Popular em Portugal” ,1978, Livros Horizonte;
SILVA, A. S.(1990) Educação de Adultos, Educação para o Desenvolvimento. Porto: ASA;
Sites consultados:
HTTP://WWW.UFRGS.BR/FACED/SLOMP/EDU01136/PIAGET-ARTE.HTM
http://www.rainhadapaz.com.br/ensino/edinfantil/educ.artistica.htm
(Também foram utilizados documentos facultados pelo docente nas aulas de Educação de Adultos)
Trabalho realizado por:
Isa Brito nº 28272
Segundo Piaget (L'Education Artistique et la Psychologie de L'Enfant. in Art et Education: recueil d'essais. Paris: Unesco, 1954 P: 22-23) “A criança pequena é mais dotada do que a criança de mais idade, nos domínios do desenho, da expressão simbólica (representações plásticas, papéis representados nas cenas colectivas organizados espontaneamente, etc.) e por vezes na música. Quando se estuda as funções intelectuais ou os sentimentos sociais constata-se um progresso mais ou menos continuado, enquanto que no domínio da expressão artística, ao contrário, a impressão frequente é de um recuo.” Isto deve-se ao facto de ser muito mais difícil estabelecer estágios regulares de desenvolvimento das tendências artísticas do que das outras funções mentais, e também porque à medida que os anos de escolaridade vão passando a ocorrência do discurso metafórico vai diminuindo, logo, as representações simbólicas, metafóricas e criativas da criança vão sendo ocupadas por representações reais e objectivas.
Sem uma educação artística apropriada que consiga cultivar estes meios de expressão e encorajar as primeiras manifestações artísticas da criança, pelos educadores e ou pelos pais, estas tendem em geral a afastar-se das tendências artísticas ao invés de enriquecê-las. A educação artística deve ser, antes de tudo, a educação da espontaneidade estética e da capacidade de criação cuja presença é manifesta na criança pequena.
A área da Educação Artística refere-se às linguagens artísticas, como as Artes Visuais, a Música, o Teatro e a Dança. Há quem entenda o ensino da arte exclusivamente como transmissão de diferentes técnicas, outros, como mera reprodução de métodos e técnicas já estabelecidos, e também outros que consideram a arte um momento de lazer, de auto-expressão, de desconcentração das "aulas sérias". O ensino de arte na actual concepção, entende-se que aprender arte envolve não apenas uma actividade livre de produção artística, mas também envolve compreender o que se faz e o que os outros fazem, através do desenvolvimento da percepção estética e do conhecimento do contexto histórico em que foi feita a obra. Através desta explicação, posso dar o exemplo da canção portuguesa, o Fado, actualmente existe a denominação “o Fado novo” que corresponde às novas abordagens musicais, onde existe mais instrumentos musicais para além da guitarra e viola, sem deixar a essência fundamental característica do próprio estilo musical e do próprio povo Português. Pois para se fazer algo de novo temos que conhecer o que já foi feito.
A arte deverá ser tratada como um objecto de cultura, criada pelo homem e dentro de um conjunto de relações sociais. A arte faz parte das formas de conhecimento humano, o seu lugar na escola é imprescindível, pois o ensino democrático considera o conhecimento artístico, um direito de todos. A escola tem uma posição fundamental na busca da educação integral, que transforma o educando em sujeito do seu próprio desenvolvimento, crítico, criativo, apto a agir e modificar o mundo cultural e a sociedade em que vive. A experiência artística proporciona:
* A educação integral, pois leva a uma reorganização interna, que passa pelo nível cognitivo, implicando muito o conhecimento do indivíduo;
*Sócio-emocional, pois o indivíduo estabelece relações afectivas com a experiência reformulando alguns mecanismos e estruturando outros;
*Sociais, pois essas relações são contextualizadas - a própria história individual é a síntese da relação que o indivíduo estabelece com a cultura, com o grupo social;
*Percepto-motora, pois o individuo trabalha através de actividades concretas, que envolvem a percepção em todas as suas possibilidades, bem como o movimento.
O educando é o actor do seu processo educativo, usa a sua individualidade para exprimir-se e para se relacionar convenientemente consigo mesmo e com os outros. O fazer artístico do educando é um feito humanizador, cultural, que envolve um conjunto de diferentes tipos de conhecimento e gera diferentes significados, conduzindo o educando a entender-se como um agente de transformação.
Os educandos poderão entender o fazer artístico como o desenvolvimento das suas potencialidades. Conhecerão o fazer artístico como experiência de comunicação e de interacção grupal. A educação integral não pode ser abrangida apenas pela instrução, mas sim pelo trabalho integrado de todas as matérias, através de objectivos comuns, levando o educando não apenas a aprender, mas a dar significado ao que aprende. Através da arte é possível desenvolver projectos, onde se abordem temas sociais de grande relevância na nossa sociedade. Temas como, o pluriculturalismo, levando o educando não somente a identificar as semelhanças e as diferenças culturais, como reconhecer a importância da manutenção da cultura dentro dos grupos sociais. Permite trabalhar temas como preconceitos, excepcionalidade física ou mental, estereótipos culturais, etc. Uma forma de arte que é muitas vezes fonte de crítica social é o teatro, nomeadamente o teatro de revista, o teatro do oprimido…
A arte é um conhecimento que permite aproximar indivíduos e culturas diferentes. É uma expressão universal e ao mesmo tempo pessoal, uma criação única, inserida num contexto cultural e histórico. A imaginação criadora permite conceber situações novas, ideias e articular os sentimentos em imagens, textos, música, dança e movimento. O objectivo é que o educando seja levado a conscientizar-se e a desenvolver a responsabilidade, a auto-educação, para que se torne o actor da sua própria educação. Formando-se assim indivíduos críticos, conhecedores da sua importância como homens num processo de transformação do mundo, capazes de analisar e ou encarar a realidade com serenidade, objectividade, firmeza e justiça. Segundo Paulo Freire (1979 p:61), “Quanto mais for levado a reflectir sobre a sua situacionalidade, sobre o seu enraizamento espaço-temporal, mais “emergerá” dela conscientemente “carregado” de compromisso com sua realidade, da qual, porque é sujeito, não deve ser simples espectador, mas deve intervir cada vez mais. ”. É neste contexto que existe uma complementaridade ente a educação artística e a educação de adultos, visto que a Educação de Adultos é um conjunto de processos organizados independentemente do método, da técnica ou dos conteúdos; quer seja formal ou não-formal; quer substitua a formação inicial, quer seja complemento da formação escolar, universitária ou profissional, com o objectivo de possibilitar o desenvolvimento pessoal e social, tornando as pessoas mais responsáveis e interventivas na sociedade em que está incerido. A Educação de Adultos é um instrumento de conscientização, mudança e socialização, que promove a expansão das pessoas, preparando-as para a actividade produtiva. Deste modo, torna-se instrumento de luta contra as situações de alienação económica e cultural, e de elaboração de uma cultura libertadora.
A educação de adultos tem como objectivos incentivar e auxiliar os jovens e pessoas adultas a desenvolver conhecimentos e aptidões e ajudá-los a ir ao encontro das suas necessidades básicas, promovendo o acesso à formação, de forma espontânea e/ou organizada de melhoria de estilo de vida, através do desenvolvimento pessoal que se reflecte, necessariamente, na sociedade como um todo. Pretende também promover a compreensão crítica, assim como a clarificação de valores a mudança de atitudes e a solidariedade. Os educandos são preparados para terem um maior controlo sobre as suas decisões e opções. Em suma, pretende promover a aprendizagem através da experiência, aprender através do fazer, “aprender fazendo”. No meu ponto de vista a existência da articulação entre a educação artística e a educação de adultos é fulcral, pois entre eles existe uma enorme base teórico-prática complementar para o desenvolvimento de uma educação efectiva e sustentável nos indivíduos. A educação artística estende-se ao longo da vida do indivíduo, quer seja enquanto criança, adulto ou idoso. A educação artística poderá ser o veículo para a diminuição do insucesso escolar actualmente nas escolas do nosso país, uma vez que esta tem um carácter lúdico-pedagógico que agrada aos educandos. Actualmente, já existem nas escolas do 3º ciclo disciplinas como teatro, cinema e educação cívica, mas ainda há muito a fazer a nível da sociedade civil. A título conclusivo apresento uma frase de Elliot W. Eisner pronunciada quando apresentou uma comunicação em New Orleans, Abril de 1994, no Encontro Anual da Associação Americana de Investigação em Educação: “Estamos talvez, finalmente, a entrar no tempo em que na comunidade de investigação em educação os investigadores olharão para as artes tão somente como um conteúdo fundamental da escolaridade, mas também como um traço básico da ciência social excelente.”
BIBLIOGRAFIA
FREIRE, P. (1979) Educação e Mudança. Rio de Janeiro: Paz e Terra;
FREIRE, P. (1970), Pedagogia do Oprimido, 28ºedição, São Paulo: Paz e Terra;
SPODEK, Bernard, Manual de Investigação em Educação de Infância, 2002, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa;
MELO, Alberto; BENAVENTE, Ana, “Educação Popular em Portugal” ,1978, Livros Horizonte;
SILVA, A. S.(1990) Educação de Adultos, Educação para o Desenvolvimento. Porto: ASA;
Sites consultados:
HTTP://WWW.UFRGS.BR/FACED/SLOMP/EDU01136/PIAGET-ARTE.HTM
http://www.rainhadapaz.com.br/ensino/edinfantil/educ.artistica.htm
(Também foram utilizados documentos facultados pelo docente nas aulas de Educação de Adultos)
Trabalho realizado por:
Isa Brito nº 28272
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