2010-05-07

Ficha de Trabalho - Questões/Respostas possíveis

Questões:

1- Defina o conceito de alfabetização?
2- Qual o sentido da alfabetização para Paulo Freire?
3- Qual a relação entre alfabetização e direitos humanos?
4- O que é ser analfabeto?
5- Qual o perfil do analfabeto em Portugal?
6- Quais as principais causas de analfabetismo em Portugal?
7- Quais os diferentes tipos de analfabetismo existentes actualmente?
8- Defina o conceito de Literacia

Respostas possíveis:

Autoras: Dora Luís e Ana Simões

1. Actualmente, as Nações Unidas, consideram “a alfabetização como um processo fundamental para a aquisição dos meios essenciais que possibilitam ao indivíduo enfrentar os desafios da vida actual e garantir a sua efectiva participação na sociedade, na política e na economia do século XXI”. A alfabetização é, assim, um direito humano.
Alfabetização não significa apenas aprender a ler e a escrever, mas relaciona-se com a forma como comunicamos em sociedade e ultrapassamos os desafios de um mundo globalizado, mas desigual, e em constante mudança. A alfabetização exige, actualmente, uma abordagem interdisciplinar, uma vez que o fenómeno do alfabetismo não pode ser entendido de forma simplista como um fenómeno isolado; pelo contrário, ele inter-relaciona-se com muitos outros factores, sendo causa e consequência do desrespeito de diversos direitos humanos.

2. Para Paulo Freire, a alfabetização só tem sentido enquanto processo em que o analfabeto “apreende criticamente a necessidade de aprender a ler e a escrever” (Freire). Esta capacidade crítica implica que o analfabeto se prepare para construir a sua aprendizagem, entendendo-se como agente nesse processo.
A alfabetização, para Freire, não é sinónima de domínio mecânico de técnicas de escrita e de leitura, mas de um domínio consciente. Não é um fim, mas um meio: de libertação, de conscientização, de empowerment, em que o agente lê, entende o que lê, reflecte criticamente e, porque entende e reflecte, escreve. Dito de outra forma, a alfabetização é um meio de actuação do sujeito no mundo, porque é desenvolvida do interior do sujeito para fora. É a necessidade que ele compreende existir nele que o motiva e que o capacita para aprender a ler, a escrever e a actuar. Neste processo, a alfabetização acontece pela conscientização e, nele, o educador não é um dador paternal/ditador de conteúdos e processos de aprendizagem, é um mediador a quem apenas lhe cabe (e já não é pouco) fazer os ajustes necessários.


3. “Quem não consegue, plenamente, interpretar o mundo que o rodeia, quem permanece num mundo de símbolos elaborados pelos homens e não possui a total capacidade de os descodificar, é um ser injustiçado a quem não se dá o acesso à dignidade humana”.

Ministro da Educação Eng. Roberto Carneiro, Fundação Calouste Gulbenkian, 3 de Dezembro 1990

Segundo nos parece, a questão 3 está intimamente ligada com a anterior pois o problema do analfabetismo não é apenas as pessoas não saberem escrever e ler; é principalmente o facto de este desconhecimento causar uma incapacidade humana de actuação no mundo, de intervenção em todas as dimensões da sociedade. Impede homens e mulheres de serem independentes, construtores e decisores da sua própria vida e colaboradores na edificação de um mundo melhor (analfabetismo funcional). Se é verdade que todas as pessoas têm “o direito de tomar parte livremente na vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar no progresso científico e nos benefícios que deste resultam” (Carta dos Direitos Humanos, art.º 27), também é verdade que, sem saber ler e escrever, essas pessoas dificilmente conseguirão usufruir desses direitos.
Assim, a alfabetização tem uma dimensão funcional (definida no Congresso mundial sobre eliminação analfabetismo, em 1965) mas também uma dimensão política (definida na Conferência de Tóquio, 1972), pois capacita as pessoas para a intervenção cívica. Deve ser, por isso, a primeira prioridade, como defende a Educação de Adultos como Educação de base ou comunitária. A Carta dos Direitos Humanos diz, no art.º 26 que “Toda a pessoa tem direito à educação” e que esta “deve visar a plena expansão da personalidade humana e o reforço dos direitos humanos e das liberdades fundamentais e deve favorecer a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e todos os grupos raciais ou religiosos, bem como o desenvolvimento das actividades das Nações Unidas para a manutenção da paz.”. A alfabetização é, desta forma, um meio de promover não só o ser humano como a sociedade global a que pertencemos, já que aquela se relaciona com os valores da tolerância, da justiça e da paz.
4. Segundo o Dicionário da Língua Portuguesa (Porto Editora, 7.ª ed.), o analfabeto é “o que ignora o alfabeto, que não sabe ler e escrever, ignorante”. Contudo, esta é uma definição muito incompleta. Analfabeto é também aquele que sabe ler e escrever o alfabeto (organizando, escrevendo, lendo, compreendendo orações, frases e períodos, dominando as operações matemáticas básicas…), mas que não sabe o que fazer com essas competências (alfabeto funcional). Continua analfabeto, pois a sua alfabetização foi feita de forma mecânica e sem conscientização. Mas também existe o analfabeto político, que talvez seja o mais preocupante: aquele que domina plenamente as técnicas de escrita, leitura e cálculo, as novas tecnologias, tem uma cultura geral bastante satisfatória e, ainda assim… não aplica essas competências. Por conformismo, por preguiça, por medo de mudar, por medo de falhar, por falta de fé nos seres humanos, ou por outras razões, recusa exercer os seus direitos, mas também cumprir os seus deveres, pois construir um mundo mais igualitário não é apenas um direito, mas um dever. E, quando isso acontece – quando não tentamos pôr em prática as nossas ideias informadas para tentar mudar o mundo, como dizia o pequeno protagonista do filme “Favores em Cadeia” – todos ficam a perder. É como, lembrando as palavras do pequeno Trevor do filme citado, ter oportunidade de consertar o mundo e optar por consertar apenas a nossa bicicleta.

5- Idoso normalmente do meio rural , com poucas condições financeiras , imigrantes dos PALOP, ou grupos minoritários (ciganos).

6-Uma das principais caudas prende-se com a falta de possibilidade de frequentar a escola devido a dificuldades financeiras, distância das escolas nos meios rurais. Outra das causas prende-se com a falta de motivação para os currículos.

7- Analfabetismo funcional (mesmo com a capacidade de descodificar minimamente as letras, geralmente frases, sentenças e textos curtos; e os números, não desenvolve a habilidade de interpretação de textos e de fazer as operações matemáticas), analfabetismo progressivo (que caracterizaria grupos que, tendo alguma vez aprendido a ler e escrever, devido ao não uso dessas habilidades retornam à condição de analfabetos) e analfabetismo absoluto (designa a condição daqueles que não sabem ler e escrever).
8- É entendido como a capacidade de usar todas as formas de material escrito requerido pela sociedade e usados pelos indivíduos que a integram, capacidade de processamento de informação escrita na vida quotidiana, a habilidade de usar, processar e utilizar a informação da linguagem escrita para um determinado objectivo da vida quotidiana. Não se trata apenas de saber ler e escrever mas do uso da leitura e da escrita nas várias situações do dia-a-dia.

Respostas possíveis:
Autora: Margarida Correia

1. Defina o conceito de alfabetização.
A alfabetização consiste na aprendizagem do alfabeto e da sua utilização como código de comunicação. A Alfabetização é ainda definida como um processo no qual o indivíduo constrói a gramática e suas variações. Esse processo não se resume apenas na aquisição dessas habilidades mecânicas (codificação e descodificação) do acto de ler, mas na capacidade de interpretar, compreender, criticar, e produzir conhecimento.[1]
A alfabetização é designada como um conceito relativo a aprender a descodificar a linguagem escrita.
2. Qual o sentido da alfabetização para Paulo Freire?
A Alfabetização para Paulo Freire tinha a característica de libertadora do indivíduo, promotora e “veículo” de “empowerment”, de conscientização, de politicidade, de emancipação, permitindo aos cidadãos a resolução de problemas.
3. Qual a relação entre alfabetização e os Direitos Humanos?
“Como um resultado chave da educação e um instrumento para a aprendizagem adicional, a alfabetização é parte do direito à educação e facilita a consecução de outros direitos.”
“...a alfabetização pode desempenhar um papel significativo na recuperação, particularmente quando vinculada à construção da paz, ao empowerment e ao treino de habilidades de subsistência.”
“…o direito à educação inclui o direito à alfabetização – requisito fundamental para a aprendizagem ao longo da vida e um meio vital de desenvolvimento humano e de consecução dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODMs).”[2]
Declaração Universal dos Direitos do Homem, Artigo 26º:
“1. Toda a pessoa tem direito à educação. A educação deve ser gratuita, pelo menos a correspondente ao ensino elementar fundamental. O ensino elementar é obrigatório. O ensino técnico e profissional deve ser generalizado; o acesso aos estudos superiores deve estar aberto a todos em plena igualdade, em função do seu mérito.
2. A educação deve visar à plena expansão da personalidade humana e ao reforço dos direitos do homem e das liberdades fundamentais e deve favorecer a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e todos os grupos raciais ou religiosos, bem como o desenvolvimento das actividades das Nações Unidas para a manutenção da paz.
3. Aos pais pertence a prioridade do direito de escolher o género de educação a dar aos filhos.”

4. O que é ser analfabeto?
Um analfabeto é uma pessoa que não sabe ler, nem escrever na totalidade, que não domina o alfabeto. Não por ignorância ou preguiça, mas porque nunca teve necessidade concreta de ler. Podemos acrescentar que, “é analfabeto” por culpa da sociedade ou como produto de uma sociedade, que o fez/criou como tal. Nos dias que correm e, na nossa sociedade, surgiu um novo tipo de analfabetos, aqueles que denotam falta de competências para a compreensão da leitura.
5. Qual o perfil do analfabeto em Portugal?
Em Portugal estão enquadrados no perfil do analfabeto:
i) Idosos; ii) Etnias minoritárias; iii) Imigrantes dos PALOP’s e, iv) Cidadãos portadores de deficiência ou incapacidade (não posso caracterizar, nem generalizar quais os tipos)
6. Quais as principais causas de analfabetismo em Portugal?
i) A educação e o ensino não estavam disponíveis para todos, Elitista; ii) Desinteresse do Estado ou falta de meios para escolarizar; iii) Inicio da vida activa/trabalho precoce, pois era mais importante trabalhar do que estudar;
7. Quais os diferentes tipos de analfabetismo existentes actualmente?
Analfabetismo absoluto; Analfabetismo funcional; Analfabetismo regressivo; Iliteracia
8. Defina o conceito de Literacia.
“Entende-se por literacia como a capacidade de cada indivíduo compreender e usar a informação escrita contida em vários materiais impressos, de modo a atingir os seus objectivos, a desenvolver os seus próprios conhecimentos e potencialidades e a participar activamente na sociedade. A definição de literacia vai para além da mera compreensão e descodificação de textos, para incluir um conjunto de capacidades de processamento de informação que os adultos usam na resolução de tarefas associadas com o trabalho, a vida pessoal e os contextos sociais.
A literacia não pode ser encarada como algo que se obtém num determinado momento e que é válido para todo o sempre;
A literacia não é algo estático, isto é, as competências das pessoas sofrem evolução (positiva ou negativa) das capacidades individuais;
Os níveis de literacia têm de ser vistos no quadro dos níveis de exigência das sociedades num determinado momento e, nessa medida, avaliadas as capacidades de uso para o desempenho de funções sociais diversificadas;
A literacia consiste num conjunto de competências que se vão aperfeiçoando ao longo do tempo e através da experiência adquirida em pesquisa, selecção e avaliação da informação.”[3]




[1] http://pt.wikipedia.org/wiki/Alfabetiza%C3%A7%C3%A3o
[2] http://unesdoc.unesco.org/images/0016/001631/163170por.pdf
[3] http://literaciadainformacao.web.simplesnet.pt/Literacia_da_informacao.htm

Sem comentários: